O mercado de escravos sempre foi um negócio próspero no Oriente Médio e nos arredores do Mediterrâneo desde os tempos da Mesopotâmia, duzentos anos antes de Cristo.
Meninos e meninas capturados em guerras ou pagos com
o tributo por seus pais ou governadores locais, eram disponibilizados para compra no mercado aberto, presente em todas as grandes cidades. Alexandria e Cairo serviam como importantes entrepostos comerciais.
Muitos viajantes ilustres e escritores ficaram fascinados pelo mercado de escravos. Dentro de um período de 10 anos ouviram-se muitas descrições acerca deles.
"Um de seus maiores atrativos era o cabelo; arrumado em tranças enormes, era também completamente saturado com manteiga que descia por seus ombros e seios...isto estava na moda pois deixava seus cabelos com mais brilho e suas faces deslumbrantes. Os comerciantes estavam dispostos a despi-las: eles mantinham suas bocas abertas para que eu pudesse examinar seus dentes e faziam-nas desfilar e apontavam acima de tudo para a elasticidade de seus seios. Estas pobres meninas respondiam da forma mais tranqüila, e a cena não era nem ao menos dolorosa, para a maioria delas que explodiam num riso incontrolável." (Gérard de Nerval, Voyage en Orient-1843/51)
Jovens meninas de extraordinária beleza, trazidas do mercado eram enviadas para a corte do sultão, muitas vezes como presente de seus governadores.
Entre os singulares e estáveis privilégios da sultana valide (mãe do sultão), estava o direito de presentear seu filho com uma menina escrava em uma data comemorativa chamada "O dia do sacrifício" que acontecia uma vez a cada ano.
As meninas eram todas não-muçulmanas desenraizadas desde tenra idade. Os sultões eram fiéis às belas mulheres com olhos de corça da região do Caucaso. Elas eram orgulhosas montanhesas; acreditavam ser descendentes das amazonas, mulheres que viveram próximas ao Mar Negro em tempos ancestrais. Agora eram seqüestradas ou vendidas por pais empobrecidos. O preço a ser pago por uma escrava era algo em torno de 1000-2000 "kuruch". Naquela época (1790) o preço de venda de um cavalo era 5000 "kurush".
A promessa de uma vida luxuosa e calma superava os escrúpulos paternos contra a entrega de suas filhas ao concubinato. Muitas famílias encorajavam suas filhas para entrar nessa vida de bom grado.
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